Subversos

Derrames cerebrais com vida própria

quarta-feira, novembro 30, 2005

Propósito



Nada é outra coisa...
Nem tu, por isso mesmo, serás outra, mas eu sim sou outro.
Serei outro...
Jamais... O galã!

Vou ler prosas em movimentos casuais sem significado e expressões suaves?
Todos os habitantes cheiram-me com uma familiaridade sistemática.

Amanhã, depois, e certamente muito além
Alguns vão ser uma nova vida,
É que alguns esquecimentos não são novas omissões,
Há um que vais cheirar daqui a pouco no mesmo deserto,
Na mesma casa;
E há outro que vais cheirar daqui a mais um pouco no mesmo deserto
Na mesma casa;
Aquele mesmo!
O homem galante.
Vais pensar que se lêem prosas...
E aquilo era sobre outra coisa, não sobre o homem

O horror do anonimato!
Lêem-se prosas, fica-se sóbrio, e ao mesmo tempo bruto, e certamente
Certa ou erradamente,
Lêem-se prosas.
Há algum prejuízo em levar o corpo direito?

Outro dia ficarás contente por cheirares para sempre o mesmo homem,
E te alegrarás por ainda por cima o teres cheirado tanto.
Há algum prejuízo em esquecer de vez em quando?

Ele encontra-se aos poucos num odor crescente,
Está ali naquele deserto pela primeira vez, na mesma casa,
E o mesmo homem fica estático.

O que saía da casa, naquele mesmo deserto, era ele sem dúvida.
Esse, esse mesmo.
Por trás da intenção doméstica o desígnio do galã.

2 Comments:

Blogger Lagoa_Azul said...

Por cada vez que te leio, me deslumbro sempre.
E sempre...

30/11/05 20:11  
Blogger Vostradong said...

Obrigado! Fico contente, Lagoa.

30/11/05 21:03  

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