Subversos

Derrames cerebrais com vida própria

sábado, setembro 16, 2006

Desapareço sem nome e sem receber



Ao contrário da brutalidade ou ao contrário do avião
Ainda seria insuficiente mesmo que nos fôssemos todos amanhã
Ficariam os que se escondessem pior ao chegarmos
Desapareço e vou-me embora na mesma
A partida foi quando fugi de ti
Uma única vez
O grande sol despreocupa-me e assim fico nu e desapareço e vou ouvir-me a ir embora. Aquela brutalidade inconsciente venceu-me sem intenção vim-me embora sem intenção ou vim-me simplesmente embora
Aeroporto

as vozes
que me soam melhor
são as que oiço
na presença de ninguém

quinta-feira, setembro 14, 2006



Roubei o que te espantava
Coerente e iluminado acerto
O meu tripé, pirâmide fausta na base
Generosa faca! A raiz que não é raiz
Roubei-te o que já tinhas perdido antes
Admito que não há espaço
Aceito o que me dás porque
Não temes que te roube, não és a raiz

terça-feira, setembro 12, 2006

Esta recta é o nosso instinto
ou uma boa desculpa para rever "Um Cão Andaluz"



Nenhum traço está onde é sentido
Tudo existe em cada impulso que se percebe
E se complica quando a ausência se ausenta em sensações
Não é faltando que o vácuo se dissipa na percepção
Mas falta o que não está na negação presente sem razão
Os homens ao contrário dos homens sãos pensam ao contrário
As bruxas duvidam das bruxas que actuam nos adultos
Mas as bruxas actuam nos adultos

sexta-feira, setembro 08, 2006

Eu debaixo de lágrimas



Óóóó... Óóóó...
Vou desenterrar-te
Sai da frente
Vou desenterrar-te

Dorme o pai perdido dentro de mim

A tristeza no ar, a falta de ar
Desprezível é o meu pai
Imunda é a minha mãe
Sujos os pés do meu azar

Turvo o meu coração vai ficar depois
Oito nove zero
Separação honesta do pai que sou

Às vezes calo mas não calo a tua voz
Estancarei quando alguns curativos anestesiarem-me assim o corpo

Estacionarei quando a morte se render ao impulso do carro do teu pára-brisas
Fui-me debaixo de lágrimas
Óó... Óóóó...
Vou desenterrar-te

Sai da frente

Vou desenterrar-te
O pai dorme perdido dentro de mim
A tristeza no ar, a falta de ar
Bendito será o homem mau de caramelo
Os pés soltos pararam em pleno dia
Sete oito nove zero

"Acaricia-me, filha do pai que não sou"
O coração estancado abre-se a gritos e liberta o meu irmão
Morre o sentimento de alguns dos meus inimigos e a minha alma refaz-se

Estacionado nos arredores da cidade o carro debaixo de todos os dias
O pai dorme