Subversos

Derrames cerebrais com vida própria

sexta-feira, setembro 08, 2006

Eu debaixo de lágrimas



Óóóó... Óóóó...
Vou desenterrar-te
Sai da frente
Vou desenterrar-te

Dorme o pai perdido dentro de mim

A tristeza no ar, a falta de ar
Desprezível é o meu pai
Imunda é a minha mãe
Sujos os pés do meu azar

Turvo o meu coração vai ficar depois
Oito nove zero
Separação honesta do pai que sou

Às vezes calo mas não calo a tua voz
Estancarei quando alguns curativos anestesiarem-me assim o corpo

Estacionarei quando a morte se render ao impulso do carro do teu pára-brisas
Fui-me debaixo de lágrimas
Óó... Óóóó...
Vou desenterrar-te

Sai da frente

Vou desenterrar-te
O pai dorme perdido dentro de mim
A tristeza no ar, a falta de ar
Bendito será o homem mau de caramelo
Os pés soltos pararam em pleno dia
Sete oito nove zero

"Acaricia-me, filha do pai que não sou"
O coração estancado abre-se a gritos e liberta o meu irmão
Morre o sentimento de alguns dos meus inimigos e a minha alma refaz-se

Estacionado nos arredores da cidade o carro debaixo de todos os dias
O pai dorme

5 Comments:

Blogger Samantar Mohi said...

É díficil comentar este poema..há algo com uma estranheza transcendente mas que nos prende a tentar desvendar o porquê de tudo que lemos...é navegar pelas linhas do desconhecido...

Um abraço e obrigado pelo comentário

9/9/06 16:35  
Blogger Paulo said...

Dos poetas só a respectiva alma me interessa......as palavras..essas...nada me dizem para além de um segredo e identificação da alma de quem as diz...
Abraço
Paulo

10/9/06 21:57  
Blogger O Micróbio II said...

Tens de começar a pensar em secar essas lágrimas... :-)

11/9/06 10:23  
Blogger Lord of Erewhon said...

Psicanalítico, preocupante... até sinistro... mas o amor e a memória são sinistros, quase tanto como os laços...

P. S. Vostradeis, pá!... pensava que tinhas desistido da blogosfera!
Abraço e obrigado!

11/9/06 11:17  
Anonymous Anónimo said...

Obrigada.

16/3/07 22:45  

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