Subversos

Derrames cerebrais com vida própria

sexta-feira, abril 07, 2006

Os Açores na tristeza



A alva espaçonave da rua
Os alicerces sem vista interior de pedras regionais da aldeia
Equívoca viga sustentada pelos pés na terra, abertos os ouvidos
O desembaraço colocado pelo calhau branco de terror
Os normais do Prazer do Menino do sumiço casual
Faz cócegas o olhar quando nada é proibido na planície dos beijos
Deslizam os príncipes sob o sol matinal no telhado a reflectir a luz seca
Eu cá afasto-me e cheira-me que a rua se vai apagar!
A venda ao estrangeiro, o dia se eleva, não se eleva o dia

No início a escotilha dos meus ouvidos saía para a terra
A minha escotilha nua e insensível que nada ganha
Proíbe explícitos continentes nos trágicos quintais
Expulsa a terra inteligível sob os elevadores roubados
Traz o sentimento de que a nave está perto das barracas alheias

Exulto e desperto a terra que não me tem
Acordado, firme, agitado, eu
Aproximo-me da nave sem dar atenção mas ouvindo os meus ouvidos
Ouço a escura rua com ouvidos desatentos

Os ouvidos me abrem... abandonados ali ao lado da rua negra...
Planto a minha boca sem que o vão interior se feche no betão
Mas eu, depois de depois do escuro escurecido e vazio do jardim
Ainda tenho frio apesar de me afastar sozinho e de fechar também as portas
Sinto que estou num corpo de éter e de reflexos inconsistentes
As naves aterram por cá às vezes e ficam de vez

As terras baixas temem que a fraqueza atrapalhe o pensamento
Elas têm prazer em sentir o que tenho aqui
Amadureço e proíbo o desmatamento desertificante aos ladrões!
A ausência das rochas fora da essência das rochas roubadas!
A compreensão da morte não podia deixar de ser diferente de tudo
Faz falta o começo, mas não faz falta o começo que faz falta sem razão

Não faz falta o erro que desperta a minúcia e nunca é pior
Eu estou na espaçonave, mas as espaçonaves não são aeronaves - as espaçonaves ficam

A estátua interior faz sentido porque nem me passou pela cabeça
É daí que chegam as naves que vi... que sei que vi! Que visão!
No céu as visões impedem as camas de se deitarem sem querer

Lá no meio quero ouvi-las a desaparecer para se desfazerem sozinhas
É bom impedir que as rochas se ausentem como se houvesse algo que eu quisesse desfazer
Não reparo que algumas delas são rochas menos originais

Estou a ver rochas familiares compreensivelmente rectas e inconscientes
Ocultadas por uma porta, no apartamento das rochas vibrantes
Vejo aviadores de gritos vivos no caos reencontrado
O caos foi lido e parou num lugar incerto
À vista de todos, a noite pensa que ficámos em terra
Mas as naves sim ficaram

Penso que a inconsciência diante da minha barriga é o que me dá prazer
Assisto à partida do nada perante a hipótese
Ele carece de oito não-seres mesmo que o corpo não seja o sétimo
E mesmo que ele tenha mais que nove, para o corpo não há um oitavo
Não há que roubá-lo a ninguém

O corpo e o cérebro não estão à volta da inconsciência colectiva da desagregação do outro que não me tem
Pensamentos avulsos, as minhas distracções perseguem-me

Por isso fecho as portas
Aquela manhã da porta das janelas escancaradas terminou

A minha inconsciência central reatada
A mim ninguém terá de ver com bons olhos
Desde a noite em que a minha hiperactividade desapareceu
No meu corpo definha um entusiasmo, indiferente, visionário

Acende-se o Inverno, é cedo, não está deitada na cama
A alva espaçonave da rua obscura

3 Comments:

Blogger Carla said...

Gostei muito :)
Bjx e bom fim de semana

8/4/06 00:00  
Blogger Silêncios said...

Estive a ler-te...escreves de forma algo dura e fria...será que descreves o dia a dia como realmente o vês? Se assim é, vou voltar mais vezes, a ver se me convenço de que o mundo nunca será como sonho...É que em tantas palavras descreves com exactidão o que sinto á minha volta, embora tente acreditar que tudo pode ser diferente.
Um beijo para ti
Obrigada pela tua visita

8/4/06 21:21  
Anonymous Anónimo said...

Já não passava aqui há um tempo, mas cntinuo a achar os seus textos surpreendentes!
Um bom fim-de-semana,
Daniela Mann

8/4/06 21:44  

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