Subversos

Derrames cerebrais com vida própria

segunda-feira, março 08, 2004

"Ainda é cedo está calor não nos deitamos não saímos porque lá fora passeiam os fantasmas da nossa morte uma cobardia demasiado certa quando se descobre a verdade das coisas tudo se torna ridículo paramos especados junto à televisão os americanos e as suas bombas deixam mais espaço para novas bombas carregadas de doces chocolates rebuçados para os cadáveres das crianças se deliciarem o Rato Mickey era um herói de uma outra infância a juventude são só alguns anos não vale muito a pena fazermos planos para o futuro escuta o amanhã quando passar por ti não vale a pena estas poucas de palavras estes versos não querem dizer nada por que é que eu insisto quando é mais que certo que escrevo para uma corja de intelectuais ou de imbecis chapados tal como tu que lês tal como eu que escrevo não percebemos nada passeiam ao longo das páginas outros tigres de papel chacais atirando-se às carcaças dos paradigmas que caíram o marxismo o estrutural funcionalismo entre outros a situacionista e bem ao longe um som qualquer de uma criança que chora como um violino mal tocado pelo cego que passeia nas carruagens do metro ninguém repara já ninguém liga tilintam as moedas os novos Euros de uma Europa aos remendos e às costuras por todos os lados os seus cães de guarda vigiam as fronteiras mas deixam passar os vícios que a alimenta como um velho drogado proxeneta de fato e gravata juntando os trocos a soldo e a troco das putas nos andaimes e nas esquinas dos escritórios onde os enfatuados engordam para a manutenção dos ginásios para o parlamento segue o táxi rápido talvez para o próximo executivo discutiremos se vale a pena ou não condenarmos esta geração a nunca sair da sua letargia estúpida de não prestar para nada de diferente a democracia venceu por falta de pachorra dos adversários para se transformar em novos cães para um osso pago os meus impostos contribuo para o bem da nação".

RMM