Os Açores na tristeza
A alva espaçonave da rua
Os alicerces sem vista interior de pedras regionais da aldeia
Equívoca viga sustentada pelos pés na terra, abertos os ouvidos
O desembaraço colocado pelo calhau branco de terror
Os normais do Prazer do Menino do sumiço casual
Faz cócegas o olhar quando nada é proibido na planície dos beijos
Deslizam os príncipes sob o sol matinal no telhado a reflectir a luz seca
Eu cá afasto-me e cheira-me que a rua se vai apagar!
A venda ao estrangeiro, o dia se eleva, não se eleva o dia
No início a escotilha dos meus ouvidos saía para a terra
A minha escotilha nua e insensível que nada ganha
Proíbe explícitos continentes nos trágicos quintais
Expulsa a terra inteligível sob os elevadores roubados
Traz o sentimento de que a nave está perto das barracas alheias
Exulto e desperto a terra que não me tem
Acordado, firme, agitado, eu
Aproximo-me da nave sem dar atenção mas ouvindo os meus ouvidos
Ouço a escura rua com ouvidos desatentos
Os ouvidos me abrem... abandonados ali ao lado da rua negra...
Planto a minha boca sem que o vão interior se feche no betão
Mas eu, depois de depois do escuro escurecido e vazio do jardim
Ainda tenho frio apesar de me afastar sozinho e de fechar também as portas
Sinto que estou num corpo de éter e de reflexos inconsistentes
As naves aterram por cá às vezes e ficam de vez
As terras baixas temem que a fraqueza atrapalhe o pensamento
Elas têm prazer em sentir o que tenho aqui
Amadureço e proíbo o desmatamento desertificante aos ladrões!
A ausência das rochas fora da essência das rochas roubadas!
A compreensão da morte não podia deixar de ser diferente de tudo
Faz falta o começo, mas não faz falta o começo que faz falta sem razão
Não faz falta o erro que desperta a minúcia e nunca é pior
Eu estou na espaçonave, mas as espaçonaves não são aeronaves - as espaçonaves ficam
A estátua interior faz sentido porque nem me passou pela cabeça
É daí que chegam as naves que vi... que sei que vi! Que visão!
No céu as visões impedem as camas de se deitarem sem querer
Lá no meio quero ouvi-las a desaparecer para se desfazerem sozinhas
É bom impedir que as rochas se ausentem como se houvesse algo que eu quisesse desfazer
Não reparo que algumas delas são rochas menos originais
Estou a ver rochas familiares compreensivelmente rectas e inconscientes
Ocultadas por uma porta, no apartamento das rochas vibrantes
Vejo aviadores de gritos vivos no caos reencontrado
O caos foi lido e parou num lugar incerto
À vista de todos, a noite pensa que ficámos em terra
Mas as naves sim ficaram
Penso que a inconsciência diante da minha barriga é o que me dá prazer
Assisto à partida do nada perante a hipótese
Ele carece de oito não-seres mesmo que o corpo não seja o sétimo
E mesmo que ele tenha mais que nove, para o corpo não há um oitavo
Não há que roubá-lo a ninguém
O corpo e o cérebro não estão à volta da inconsciência colectiva da desagregação do outro que não me tem
Pensamentos avulsos, as minhas distracções perseguem-me
Por isso fecho as portas
Aquela manhã da porta das janelas escancaradas terminou
A minha inconsciência central reatada
A mim ninguém terá de ver com bons olhos
Desde a noite em que a minha hiperactividade desapareceu
No meu corpo definha um entusiasmo, indiferente, visionário
Acende-se o Inverno, é cedo, não está deitada na cama
A alva espaçonave da rua obscura