Subversos

Derrames cerebrais com vida própria

terça-feira, maio 25, 2004

A prova subtil

Saber que nada há a perder nesta vida
que a seguir ao agora só há uma fila infinita
uma sequência contínua de mais agoras
Conhecer a fatalidade da existência aqui
o compasso do ar a encher o corpo
a doçura da água a purificá-lo
Ter a certeza de que ser já é lucro
porque um ínfimo detalhe na composição
de uma microinsignificância seria suficiente
para que o ser já não fosse ou fosse outra coisa
Alcançar com perfeita clareza que o bom e o mau
são só partes de uma totalidade cinzenta
e ainda assim
ter medo
sentir a respiração ofegar embaciando a noese
talvez aqui a prova
da animalidade humana