Subversos

Derrames cerebrais com vida própria

domingo, novembro 20, 2005

Através da ponte



Através da ponte de onde me atiro
Não há silêncios de morte nem silêncios de vida
Nem silêncios minúsculos, que nem olham para trás
Nem os firmes, que congelam e ficam à espera
Não há silêncios apagados como aviões
E não há silêncios animais, silêncios que gastam
A minha notícia e o meu despropósito

À tua volta, silêncio, cega verdade,
Os pés e as pontes de não sei quem

E não há silêncios nem matinais silêncios vociferados
Silêncios que vos descem claríssimos dos ouvidos
Silêncios carvões silêncios sempre gritados
Silêncios capazes de se dizer
Já que tens contigo pilhas de órgãos
E algum fel particular e algum golpe da terra
As pernas dos casais falam baixinho
Um pouco aquém de outra terra rubra que não aquela em que vivem impolutos
Silêncios de madrasta muito mais que luz muito mais que grito
Mais que relaxamento mais que ódio mais que companhia construída

À tua volta, silêncio, as pontes livres
Ou à tua volta, silêncio, o teu direito a ficar calado

- dedicado à grande inspiração de um grande surrealista, Cesariny

4 Comments:

Blogger Alberto Oliveira said...

Ficar calado, não é do meu feitio; atirar-me de pontes, nunca experimentei e creio que dificilmente o farei. O maior salto que dei, foi de um rés-do-chão para a rua. Ligeiras escoriações nos sapatos e o despenteamento da minha vasta cabeleira, foi o saldo negativo.

21/11/05 12:11  
Blogger segurademim said...

... fico com o fel e com as pilhas, as pontes estão sobrecarregadas de dejectos!
;(

21/11/05 14:51  
Blogger Micas said...

Qd começei a ler, lembrei-me de Cesariny, porque seria?? ;)

22/11/05 07:31  
Blogger Vostradong said...

É uma das minhas grandes influências. Aprendi muito com esse mestre

22/11/05 21:11  

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