Subversos

Derrames cerebrais com vida própria

sábado, abril 03, 2004

Memória

As águas perduram num rastro infindável
de sorrisos
de flores esquecidas
no deserto azul

Desenho no teu olhar
uma carícia de estrelas
que beijam o infinito da noite

Aqui e ali
uma memória de ecos inesgotáveis
Secretas referências a uma dúvida
que preenche os lugares onde me perco

As fissuras da pele
guardam um pó enferrujado,
uma serpente que desperta o cansaço
no desalento das pálpebras

O lugar do poema
está repleto de gestos, de gemidos
que fulguram no golpe de uma veia

A noite adormece sem lágrimas
Sobre a precaridade de um corpo volátil:
- o céu incendeia incertezas
de uma pólvora de cavalos inquietos,
galopando nos limites em que a vida cessa

E o maior engano
é esta eternidade de gelo:
- um vómito de luz, na suave asa do grito

Andréh (Jorge André)