Subversos

Derrames cerebrais com vida própria

terça-feira, março 30, 2004



“Infecção virulenta de doença recente nos olhos da actriz que no seu palco representa os dramas de Brecht tu esperas o intervalo e as seringas de cultura distribuídas lá fora pela camioneta laranja cedida amavelmente pelo Estado Providência tanto faz não importa a agulha penetra mais uma vez a veia o teu cérebro incha és o balão que rebenta na casa de banho em suaves sonhos de hélio alheia indiferente a plateia aplaude.
Bis!!!”



RMM

quinta-feira, março 25, 2004

Frase do Momento



Apesar da bússola e dos mapas na mão, o Homem de hoje, de sempre, encontra-se perdido.

terça-feira, março 23, 2004

Interesse-se:

www.palestinemonitor.org
www.gush-shalom.org/english
www.pchrgaza.org

domingo, março 21, 2004

FRASE DA NOITE



GRAÇAS À DEMOCRACIA
TODOS OS CAMINHOS VÃO DAR AO CONSUMO

Luís F. Simões/Rascunho

sexta-feira, março 19, 2004

Curiosidades



um dia tem 24 horas, logo: 2 + 4 = 6
uma hora tem 60 minutos, logo: 6 + 0 = 6
um minuto é igual a 60 segundos, o que dá 6

o tempo é quantificado pelo número da besta = 666

Luís F. Simões / Rascunho

Pergunta ou questão 2



A propósito do texto de baixo que coloca no ar a pergunta: Quem nos salva do que nos tem salvo?; adiante, adiante, adiante.
Bem, hoje em dia discute-se bastante sobre se se deve ser pró ou anti EUA como se isso fosse algo que traduzisse, em si, uma grande questão filosófica. Mas na realidade não é. Traduz, isso sim, apenas uma simples demagogia retórica e não creio que seja mais do que isso. Os EUA não são nem o grande Satã nem o patamar do estado do capitalismo selvagem. Como pessoas até são medianamente incultos (segundo os “nossos” padrões), em termos de política interna são realmente básicos e em termos de política externa são medíocres-responsabilizam os Outros pelos seus próprios erros, apenas conseguem ver os efeitos sem nunca conseguirem descortinar as causas (a exemplo de qualquer bom agente de autoridade). O que caracteriza fundamentalmente os EUA é a forma como a sua dominação é feita-através de uma cultura parasitária que apenas esconde uma lógica de dominação implícita. Se forem pessoas que, tal como eu, estão agora a chegar aos 30 devem-se lembrar do peso que filmes como Rockys ou Rambos tiveram sobre a nossa geração. A pseudo-cultura americana, que todas as sociedades, ocidentais ou não, comem todos os dias na televisão, no cinema, nos fast-food, é que realmente mina porque povoa o nosso universo de referências e de valores que não são, de todo, inocentes. Grande parte do nosso imaginário, principalmente quando somos jovens no início de processo de socialização, vem daí. Dizem que isso são os efeitos da globalização? Em parte. Mas a Globalização é mesmo isso: há uns que dominam e outros que são dominados. Só que uns são dominados com bombas e outros são dominados com chocolates e pipocas. Desta maneira a dominação cultural torna-se, sem se saber qual é o reflexo da outra, numa dominação política.
Acho que o sr. Durão e o sr. Portas viram muitos filmes do Rambo quando eram piquenos, só assim se explica a verdadeira atitude de putos ranhosos a quererem atenção que tiveram. Não creio, realmente, que o nosso PM tivesse, ou tenha, uma visão política e estratégica fundamentada-ou seja, participar no saque do Iraque-empresas de reconstrução, petróleo, interesses comerciais, etc. Não creio, não tem visão estratégica nem nenhum projecto para o país-como qualquer outro carreirista político.
Discute-se muito sobre a questão da insegurança e os tais chamados terroristas, que é o mesmo que tentar lidar com as consequências sem se tentar lidar com as causas. É o mesmo que tentar despejar baldes de água de uma banheira que está a verter sem antes se pensar em fechar a torneira. Depois vendem slogans imberbes como “Pelo mundo livre!”, “Pela Democracia”, como se estivessem a anunciar uma qualquer espuma de barbear. Nesse sentido, desprovidos da própria essência, tornam-se meros golpes publicitários e de marketing. E como as pessoas se habituaram, quase em exclusivo, a esta forma de comunicar... dizem que sim, compram. É tudo muito simples. Uma grande treta.
A própria democracia é isso, nada mais que um slogan. Debitado pelo Stallone ou pelo Jorge Sampaio, não importa, nada mais que um slogan. Nada mais que um produto vendido pela lógica mercantilista e que muitos têm que pagar com sangue e sangue. Converte-se todos os homens a um modelo único de comportamento e obediência, a exemplo que o cristianismo, ou até o islamismo, tentaram fazer. Antes tinha-se que se ser um bom católico, hoje é preciso sermos democratas... mesmo que desprezemos toda a novela partidária e as personagens que ela promove a estilo de novela da TVI.
Mas, sem sombra de dúvida, para não nos alongarmos mais, os EUA são mesmo um império. Em certos pontos chegam a lembrar o Império Romano e a perderem para este na comparação. Enquanto que os romanos, nos territórios conquistados, faziam valer a Pax Romana-permitindo aos povos conquistados terem os seus costumes e religiões próprias-os EUA nem isso. Há que converter os dominados em democratas, só assim é que conseguirão vender muitos hamburgers e muitas pipocas para o novo filme da Nicole Kidman que nem sequer é americana.
Há uns dias apanhei um taxista esclarecido a vir para casa que me disse: “Dizem que precisamos de ajudar os americanos, pois, mas quando a Indonésia invadiu Timor os americanos sabiam e nada fizeram”. Mesmo que despreze todos os tipos de colonialismo ainda lhe disse mais: eles não só sabiam. Sim, foram eles que deram o aval, a televisão portuguesa mostrou há uns dois anos um documento da CIA, só agora revelado, que veio a tornar público aquilo que já toda a gente sabia. O secretário de estado americano, Kissinger, um sionista, deu o aval para a Indonésia invadir Timor. Não que isso fosse grande novidade ou que isso possa chocar minimamente alguém. Aliás, o assunto até foi completamente negligenciado pela comunicação social e pelos políticos. Acham que isso importa? Quem nos salva do que nos tem salvado? A invasão do Iraque criou mais terroristas ou criou menos? Aliás, ser-se terrorista depende apenas do lado do barril de pólvora que se está. Não quer dizer nada. Tal como democracia. Quer dizer ainda menos. Tal como no Iraque, promovem um fantoche local contra quem vão ter de lutar daqui a 10 anos. Nada mais que um ciclo. Aliás, o terrorismo, mais do que às pessoas que lutam por esta ou aquela causa, interessa antes de tudo aos estados como os EUA ou a Espanha. Só assim é que podem fundamentar as suas políticas de controle sobre as pessoas, repressivas e de devassa da vida singular, com base em argumentos como a segurança ou a paz. Fraude, apenas retórica de pasquim. Desta maneira têm sempre um inimigo, alguém a quem deitar as culpas. E qual é a piada de um mundo sem inimigos? Nem nas novelas da TVI! Desta maneira o terrorismo de alguns justifica sempre o terrorismo de estado e vice versa. Precisam ambos um do outro. Alimentam-se. Quem não faz parte do jogo é apenas carne para canhão. Exemplos não faltam.
Pelos vistos o sr. Berlusconi tem uma visão diferente. Não, não culpa o governo espanhol- o que segundo a visão de cima não seria completamente infundado, a popularidade do sr. Bush também subiu depois do 11 de Setembro. Não, o sr. Berlusconi continua a responsabilizar a ETA. Com base em quê? Ora, no facto dos supostos membros de uma tal Al-Qaeda serem beduínos e não terem capacidades para uma acção daquela envergadura. Então e o 11 de Setembro nos EUA? Bem, sempre podemos voltar ao facto do terrorismo interessar ao estado-não querendo cair na teoria da conspiração-desta maneira ou seria o governo ou seria o lobby judaico (não deixa de ser estranho numa cidade em que habitam tantos, em que tantos trabalham, que no 11 de Setembro nenhum judeu estivesse entre as vítimas), seria sempre um dos dois. Talvez o sr. Berlusconi quisesse dizer isso. Ou talvez... em vez de aviões a embaterem nas torres ele tenha visto camelos. Não, acho que não. Que se saiba nem o sr. Berlusconi, o sr. Sharon, o sr. Portas, ou o sr. Bush sabem voar.



Ricardo Mendonça Marques

quarta-feira, março 17, 2004

À boneca de olhar turvo



Fará duas décadas esta década
que um infinito de absurdo colidiu com o meu destino

Na encosta de uma serra
uma boneca fabricava impulsos até à insignificância,
transformava a criação em tédio e desespero,
enquanto a paixão e o amor passeavam indiferentes pelo mundo

Com frequência desmedida confessava estar apaixonada
até que durante um momento de insatisfação
um inevitável hiato deu-se e dela ouviu-se:
“Dê o mundo as voltas que der estarei sempre contigo.
Tenho a certeza que nos reencontraremos
Para sermos felizes.”

Como recusava o horrível silêncio da ternura que se afastava
e precisava de algo para lá do grotesco e do inútil
que se denomina e caracteriza ausência
arrastei-me cabisbaixo por entre aquela densa ramagem
apodrecida e lamacenta
levando dentro do meu ser resmas de palavras inúteis

À medida que avançava
sentia aprofundar os pés no mistério
na memória envelhecida, no simulacro,
enormes bocas brotaram sequiosas…
Num canto, ao fundo, junto a umas mãos diáfanas da virgindade,
a boneca envolvia-se num expressivo xaile
… nele escondia-se o resto de um sonho que caminhara comigo

Apesar da distância
foi possível reparar que os seus olhos se encontravam turvos
não lhe quis perguntar porquê
porque as respostas servem para tornar as “coisas” finitas

Luís F. Simões / Rascunho

segunda-feira, março 15, 2004

Frase da Noite



por mais que pense não faço ideia do que este "governo" pensa

e vão 467.540 no desemprego

de certo que já faltou mais para uma sublevação popular

Luís F. Simões/Rascunho

quinta-feira, março 11, 2004

Madrid una vez más

É estranho, para não dizer suspeito, que os atentados terroristas
não atinjam terroristas… as eleições de domingo não podem deixar de ser um sucesso de bilheteira
Por falar em bilheteira, faltam poucas horas para o jogo do Benfica... e olhem que nem aprecio futebol, mas ainda aprecio menos a miséria jornalística
Já organizaram uma manifestação de solidariedade para as 18 horas
Com o desemprego que existe até poderiam ter agendado para as 16 horas
A adesão seria a mesma ou maior

Luís F. Simões/Rascunho

quarta-feira, março 10, 2004

Leitor

o seu olhar
ainda que distante
não deixa de ser uma saudação

Luís F. Simões/Rascunho

segunda-feira, março 08, 2004

"Ainda é cedo está calor não nos deitamos não saímos porque lá fora passeiam os fantasmas da nossa morte uma cobardia demasiado certa quando se descobre a verdade das coisas tudo se torna ridículo paramos especados junto à televisão os americanos e as suas bombas deixam mais espaço para novas bombas carregadas de doces chocolates rebuçados para os cadáveres das crianças se deliciarem o Rato Mickey era um herói de uma outra infância a juventude são só alguns anos não vale muito a pena fazermos planos para o futuro escuta o amanhã quando passar por ti não vale a pena estas poucas de palavras estes versos não querem dizer nada por que é que eu insisto quando é mais que certo que escrevo para uma corja de intelectuais ou de imbecis chapados tal como tu que lês tal como eu que escrevo não percebemos nada passeiam ao longo das páginas outros tigres de papel chacais atirando-se às carcaças dos paradigmas que caíram o marxismo o estrutural funcionalismo entre outros a situacionista e bem ao longe um som qualquer de uma criança que chora como um violino mal tocado pelo cego que passeia nas carruagens do metro ninguém repara já ninguém liga tilintam as moedas os novos Euros de uma Europa aos remendos e às costuras por todos os lados os seus cães de guarda vigiam as fronteiras mas deixam passar os vícios que a alimenta como um velho drogado proxeneta de fato e gravata juntando os trocos a soldo e a troco das putas nos andaimes e nas esquinas dos escritórios onde os enfatuados engordam para a manutenção dos ginásios para o parlamento segue o táxi rápido talvez para o próximo executivo discutiremos se vale a pena ou não condenarmos esta geração a nunca sair da sua letargia estúpida de não prestar para nada de diferente a democracia venceu por falta de pachorra dos adversários para se transformar em novos cães para um osso pago os meus impostos contribuo para o bem da nação".

RMM

sábado, março 06, 2004

Blue Tuesday
« homenagem ao 11 de setembro »



duas torres foi pouco…

eis que se ergue um anjo sobre o ocidente. Possui uma asa preta e outra branca. traz no peito o Islão e nas costas alguns europeus, africanos… e até americanos!

é algo temível e indestrutível. carece de rosto, como outrora as multinacionais da razia, do braqueamento, da miséria, do terrorismo, da castração, da repressão, da estupidificação…

como tu, Islão, há muito que deixei de chorar a morte dos outros e passei a chorar a minha

Ah como desejo
que me arranquem a cabeça e a coloquem a fazer de alvo no empire states building ou na estátua da liberdade para que possa beijar na boca, e com a boca, um dos aviões de «bin Laden»
Ah como anseio
ser bombeiro, nestes momentos, e poder ter a sorte de encontrar naqueles corpos mutantes um fio de ouro ou um dente de diamante – sei lá… a miséria por aquelas bandas é tanta!
Ah como ambiciono
alistar-me nas forças de elite norte-americanas e ter nas mãos uma antiaéria para dizimar, nunca um avião – nunca que poderia estar a evitar que outra torre fosse destruída! –, mas sim pelotões e pelotões numa só rajada enternecida

duas torres foi pouco, tão pouco
ó gentes!, jamais acreditem que não temos por cá génios, capazes de envergonhar o mais criativo de hollywood (a coisa é mediática, não é?!)
ó gentes!, nunca me confundam com um terrorista, e muito menos com um assassino – assassina é toda esta sociedade que se vitima a si mesma devido ao excesso de ganância, impotência e imbecilização
assassinos somos todos nós que fazemos da possibilidade, da paz, uma impossibilidade. Sim, assassinos somos todos nós que diariamente permitimos que os nossos desejos e impulsos sejam ceifados;
na impossibilidade de:
comprar um porsche
adquirir uma mansão (oh, uma mansão!)
aniquilar alguns dirigentes, políticos, económicos, religiosos, que arquitectam toda esta desgraça, toda esta miséria
mas… falemos de Causas Nobres: na impossibilidade de alimentar os que sentem com a fome as doenças, a dor, a morte…

para matar basta não querer, rejeitar, negar, ignorar – e que melhor sabemos nós fazer?!

ó gentes!, não devemos permitir que jipes trucidem corpos. Não, não devemos permitir, nem tão-
-pouco tolerar, que assassinos assassinem pessoas que diziam: “mil vezes uma criança nos braços que um milhão de biliões de liras/dólares”

ó carabinieres, ó exemplos da democracia!

não, não devemos aceitar, pactuar, que milhões de crianças morram todos os anos em África e na Ásia.
nem tolerar que se despejem bombas e mais bombas por todo esse mundo fora.

ó rico urânio empobrecido! ó leucemia! ó cancros!

não, não há razão para ficarmos estupefactos com o que aconteceu em nova iorque – pois quem fez o que fez sabe que Gandhi não resultou

Justiça a letras de veneno!
Justiça a letras de fogo!
Justiça a letras de sangue!

basta de cimeiras e de conferências da incompreensão. que façam uma cimeira do silêncio – poderá ser que obtenham o tão desejado entendimento

não, não esperem que os asiáticos se submetam às clínicas de dermoestética espanholas, afim de arredondarem os olhos à nossa semelhança
nem que os pretos se prestem a plásticas da epiderme, afim de se tornarem brancos. não, nem, tão-
-pouco, esperem que o Islão se converta ao catolicismo

se acham que tudo isto que digo é absurdo, digo-
-vos: absurdo é o que pretendem fazer com a «globalização».
com ela não os irão alterar por fora, irão alterá-los por dentro – muito mais subversivo portanto;

de hoje em diante um sim perpétuo à liberdade, aos direitos fundamentais, à autodeterminação dos povos. há que respeitar as suas culturas, as suas etnias, as suas raízes – não à adulteração, sim às minorias!
com que direito, com que direito quiseram transformar um índio num europeu ou americano se sabemos que é muito mais digno ser índio?!! oh, mil vezes sermos índios!!!

duas torres? tão pouco, se pensarmos um pouco!

puta que pariu o luxo! puta que pariu as ideologias pré-fabricadas! puta que pariu os tecnocratas e as suas multinacionais exploradoras – Puta Que Pariu!
chafurdemos no lodo, nos guetos que criámos, como bons ratos de esgostos que somos!
utilizemos o sistema informático, a nova cruz disfarçada de “pc”, perante a nossa própria «humanidade» de mentecaptos, de farmacodependentes, de serial killers, de business men…

há que puni-los! há que puni-los! há que puni-los!, porque neste mundo tudo se justifica, principalmente as suas vidas com as nossas mortes!

irei esquecer-me de muitas coisas
irei esquecer-me das sanções económicas
dos inúmeros actos terroristas!

abençoados os resistentes! abençoados os sobreviventes! abençoados os que não se integraram – porque neste sistema corrupto e nojento só integram os Filhos da Puta!

Duas torres?!… Foi pouco, MESMO POUCO

texto escrito a 20 de Setembro de 2001, 9 dias após os atentados, e lido na rádio "VoXX" durante o mês de Outubro, por: Luís F. Simões - Rascunho

sexta-feira, março 05, 2004

a paz no triângulo, nos três pontos que se conhecem,
foi abalada...
o branco, o preto, o encarnado já não comandam

imortais
escolhei a hora e o nome
para morrer...
apenas com o silêncio
construí a palavra
dentro de vós, ressuscitada

Luís F. Simões / Rascunho

terça-feira, março 02, 2004

Dias que fogem

Os dias fogem, os dias fogem
Agarrem a sexta-feira dos cabelos perfumados
Antes que comecem a cheirar a tabaco e a vinhaça
Detenham-nos ainda ali dançantes de vida

Os dias fogem, os dias fogem
Já é outra vez quarta-feira e os talheres batem
Nos pratos que deviam estar cheios de energia
A vida anda a correr, mas o que é isto – puré?

Os dias fogem, os dias fogem
É domingo e está cada vez mais difícil dobrar-me
Lembro-me de como me atirava com um gato no chão
Quando foi? Há dez, vinte anos? Era domingo?

Hoje é terça-feira e há festa
Não conheço o dono nem o motivo da celebração
Dizem que é meu amigo, mas não sei se será
Tenho a barriga cheia e amanhã trabalho
Os dias vão fugindo

Como passou a correr esta quinta
Nada ficará na memória despunhetada deste dia
Brilhantes na televisão solitária os corpos comem-se
A imaginação sodomiza-se que a vida corre mal

São tantos os olhos que me miram
Na segunda-feira mais uma provação
Sim são olheiras e depois? Não se pode beber?
Não se pode fugir destes dias que fogem

Já nem sei que dia é hoje
Melhor nem tentar arriscar
A riscar o calendário deu um louco em doido
Já é noite amanhã outro hoje deixa fugir